O título desta coluna é “O Futuro do Diabetes”. O objetivo é sempre dividir
novidades, perspectivas, lançamentos e estudos que despontam sobre a doença no
mundo. Mas, no Novembro Azul – Mês do Diabetes, resolvi dar dois passos atrás.
Noticiamos aqui pesquisas com células-tronco, pâncreas artificial e lançamento
da insulina inalável no Brasil, mas, em vários postos de saúde, faltam insulinas – e
das antigas. Em diversas cidades não há caneta para a aplicação desse hormônio, e sim
as velhas seringas.
Como pensar em controle da glicose sem picadinhas se, em inúmeros bairros, faltam
tiras reagentes para medir a glicose na quantidade adequada?
Como controlar a epidemia de diabetes se 50% das pessoas com a doença
desconhecem o seu diagnóstico por falta de acesso a exames ou ausência de
informação?
Como falar de saúde e bem-estar em diabetes se temos milhares de casos
de amputações, cegueira e necessidade de hemodiálise devido aos altos níveis de
glicose no sangue?
Como falar dos novos medicamentos que controlam a glicose e, ao mesmo tempo,
previnem doenças cardiovasculares, se a grande maioria dos brasileiros sequer sabe
da relação entre diabetes e infarto, derrame cerebral e insuficiência cardíaca?
Ah, se tivesse uma vacina contra todos os tipos de diabetes…. Mas, infelizmente, não
temos. Não há vacina contra maus hábitos alimentares e sedentarismo.
E engana-se quem pensa que o Brasil gasta pouco com diabetes. Na verdade, o País
parece um cachorro querendo morder o próprio rabo: em vez de investir em políticas
de prevenção e tratamento efetivos, desembolsa muito dinheiro no tratamento das
caras sequelas.
Para piorar, o diabetes é silencioso, sorrateiro…. E é um problema de toda a nossa
sociedade, já que um em cada dez brasileiros convive com a doença.
Sem urgência para resolver as pendências que temos hoje, nunca poderemos sonhar
vigorosamente com um futuro melhor.