São Paulo - O Ministério da Saúde afirmou nesta sexta-feira, 6, que monitora sete casos
suspeitos de hepatite aguda infantil de origem desconhecida, sendo três no Paraná, e
quatro no Rio de Janeiro. A origem da infecção registrada em crianças ainda é
desconhecida, mas sabe-se que ela pode desencadear uma série de problemas, incluindo a
necessidade de transplante de fígado, e que pode ser fatal.
A pasta informou ainda que os Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em
Saúde (CIEVS) monitoram junto a Rede Nacional de Vigilância Hospitalar qualquer
alteração do perfil epidemiológico, bem como a detecção de casos suspeitos da doença, e
orienta aos profissionais de saúde e da Rede Nacional de Vigilância, Alerta e Resposta às
Emergências em Saúde Pública do Sistema Único de Saúde (VigiAR-SUS) que suspeitas
sejam notificadas imediatamente.
Na quinta-feira, 5, o governo da Argentina notificou a confirmação do primeiro caso da
doença na América Latina, em um menino de oito anos. Em seguida, o Panamá também
confirmou um caso no País. Até então, apenas os Estados Unidos e a Europa haviam
confirmado casos da infecção.
Até o dia 3 de maio, mais de 200 casos foram registrados em 20 países, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo a grande maioria deles no Reino Unido,
primeiro país a reportar a doença. Já houve pelo menos quatro mortes - uma confirmada
pelas autoridades britânicas e três pela Indonésia.
Segundo a OMS, a hepatite é uma inflamação que atinge o fígado causada por uma
variedade de vírus infecciosos (hepatite viral) e agentes não infecciosos. A infecção pode
levar a uma série de problemas de saúde, que podem ser fatais. Os vírus comuns que
causam hepatite viral aguda (vírus da hepatite A, B, C, D e E) não foram detectados em
nenhum desses casos.
Embora a síndrome atinja pacientes de até 16 anos de idade, a maioria dos casos está na
faixa de 2 a 5 anos. O quadro das crianças europeias é de infecção aguda. Muitos
apresentam icterícia, que, por vezes, é precedida por sintomas gastrointestinais -
incluindo dor abdominal, diarreia e vômitos -, principalmente em pequenos de até 10
anos.
A maioria dos casos não apresentou febre.
Em caso de suspeita, recomenda-se fazer testes de sangue (com experiência inicial de que
o sangue total é mais sensível que o soro), soro, urina, fezes e amostras respiratórias, bem
como amostras de biópsia hepática (quando disponíveis), com caracterização adicional
do vírus, incluindo sequenciamento.
Vale reforçar que medidas simples de prevenção para adenovírus e outras infecções
comuns envolvem lavagem regular das mãos e higiene respiratória.
Especialistas acreditam que o agente causador da doença seja um adenovírus que é
transmitido por contato ou pelo ar. Embora seja atualmente uma hipótese como causa
subjacente, ele não explica totalmente a gravidade do quadro clínico. A infecção com
adenovírus tipo 41, o tipo de adenovírus implicado, não foi previamente associada a tal
apresentação clínica.
Os adenovírus são patógenos - organismos que são capazes de causar doença em um
hospedeiro - comuns que geralmente causam infecções autolimitadas. Eles se espalham
de pessoa para pessoa e mais comumente causam doenças respiratórias, mas dependendo
do tipo, também podem causar outras doenças, como gastroenterite (inflamação do
estômago ou intestinos), conjuntivite (olho rosa) e cistite (infecção da bexiga).
Segundo a OMS, há mais de 50 tipos de adenovírus imunologicamente distintos que
podem causar infecções em humanos. O adenovírus tipo 41 geralmente se apresenta
como diarreia, vômito e febre, muitas vezes acompanhados de sintomas respiratórios. O
potencial surgimento de um novo adenovírus ainda está sendo investigado. Outra
hipótese é de que haja alguma relação com o novo coronavírus. A possibilidade de ser
um efeito adverso da vacina contra a covid-19, no entanto, foi descartada, uma vez que
grande parte dos pacientes britânicos não haviam tomado o imunizante.
Isabela Moya
Fonte: UOL